Alimentada principalmente pelo marketing, a cultura do consumo pelo consumo traz conseqüências nefastas para a sociedade. Vivemos um tempo em que o ‘ter’ é mais importante que o ‘ser’. O homem vale aquilo que pode comprar, participando assim da roda viva da efemeridade na qual aquilo que hoje se compra, amanhã está destinado à obsolescência.
Criado inicialmente para fomentar a venda dos excedentes resultantes da produção em série desenvolvida no início do século XX, o Marketing evoluiu e virou ferramenta para criação e renovação de necessidades, transformando o mundo em uma caricatura da obra de Orson Welles, um Big Brother inverso onde nem todos são vistos, mas vêem e são obrigados a consumir as mesmas coisas.
Vestimos, comemos e usamos produtos que não condizem com nossa história ou nossa cultura, indo de encontro até a condições climáticas na ânsia de estarmos alinhados com a ditadura da moda, massificada pela propaganda mundialmente uniformizada, onde a simples exibição de imagens, sem som, permite o entendimento da mensagem veiculada. É a era da padronização dos costumes, tendo principalmente os EUA como paradigma de tudo o que faremos em nossa vida. Em qualquer lugar do planeta usa-se o jeans, indumentária criada para que o vaqueiro americano pudesse trabalhar de dia e freqüentar saloons à noite, come-se hambúrguer do Mac Donald’s, bebe-se coca-cola onde quer que se esteja.
Para fazer face ao consumo os fins justificam os meios e a ética fica em segundo plano quando o objetivo é ganhar mais para poder gastar mais. Deixa-se de lado a oportunidade de construir relacionamentos na vida pessoal e profissional em detrimento da necessidade de se dedicar mais ao trabalho, e assim atender ao consumo sem limites. A depressão foi chamada de “o mal do século XX” e a solidão decorrente da ausência de relacionamentos consistentes está entre suas principais causas.
Entregamo-nos involuntariamente à fugacidade material, onde tudo vale muito enquanto a mídia assim o quer. Mas ainda há esperança e esta existe aos olhos daqueles que ainda conseguem perceber que, do muito que compramos, uma pequena parte seria suficiente para a plena satisfação da verdadeira natureza humana.
Texto de Marçal Henrique Santos - 2º período - História/ UFS - 2012.1